Sobre o Plano
No Brasil entre os anos 1960 e 1970, o planejamento urbano foi assumido pelo governo federal tendo como principal objetivo a política habitacional e o regulamento sobre a propriedade privada. Nos anos de governo militar este objetivo foi institucionalizado através da criação do Banco Nacional de Habitação (BNH) e Ministério do Interior enquanto vários planos foram elaborados com diferentes denominações: plano diretor, planejamento integrado, plano de desenvolvimento. Extremamente técnicos e abrangentes esses planos, em sua maioria, tiveram a chancela do Serviço Federal de Habitação e Urbanismo (SERFHAU) que, de 1966 a 1974, atuava nos municípios.
Com a metropolização da cidade, as análises superaram os projetos. Vitória viveu esse momento do planejamento urbano com o Plano de Valorização Econômica do Estado (1950), Plano de Erradicação dos cafezais (1962/66), Plano de Industrialização rural (1965), Plano Nacional de Habitação e criação do Centro Industrial de Vitória – CIVIT (1972), para citar os mais importantes. Com caráter tecnicista, as cidades ganharam espaço como local da produção, aglomeração e urbanização e, por consequência, da tentativa de organizar o espaço urbano racionalmente acrescida da ideia de “[…] operar a cidade de forma rentável para o capital […]”, coordenando a distribuição de investimentos e recursos.
Ao elaborar uma proposta de macrozoneamento de Vitória, o Plano de desenvolvimento integrado da micro região de Vitória contratado ao escritório carioca M. Roberto Arquitetos, financiado pela Planorte/Serfhau e Comdusa durante o Governo do Estado Arthur Carlos Gerhardt Santos, envolveu prefeituras dos cinco municípios que compunham a então região metropolitana6 buscando “[…] dar coesão aos projetos de ampliação do complexo portuário, instalação de distrito industrial, abastecimento de água e saneamento, urbanização de áreas conquistadas ao mar […]” (M. ROBERTO, 1973), na qual o centro da capital era um dos vários centros “de animação” propostos.
Este plano foi entregue na forma de diagnóstico, composto por dois volumes de gênero bibliográfico, formato A4 com pranchas desdobráveis, em papel, contendo texto, mapas de abrangência municipal e metropolitana, tabelas. O primeiro volume tem como conteúdo a caracterização da situação urbana e econômica e o segundo, propriamente a descrição do plano e programação. As propostas elaboradas neste período, em grande parte, não foram realizadas e nem mesmo ouviram população e técnicos locais, apesar disto foram lançadas diretrizes determinantes à análise da cidade e do desenvolvimento urbano que foi realizado a partir de então.
Documentos Relacionados
M. ROBERTO ARQUITETOS/PLANORTE. Plano de desenvolvimento integrado da micro-região de Vitória. Vitória: [s.n.], 1973.
Referências
FREITAS, J. F. B. Intervenções Urbanísticas em Vitória – 1900 – 1955: Modernização e Expansão Territorial. In: XXII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 2003, João Pessoa. Anais… João Pessoa: Editora da Universidade, 2003.
______. Ilha do Príncipe: nobres intenções, modestas ações e resultados. In: X SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO, 2008, Recife. Anais… Recife: Editora da Universidade, 2008.
MONTE-MÓR, R. L. Espaço e planejamento urbano: considerações sobre o caso de Rondônia. 1980. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1980.