Como em outras cidades brasileiras, a partir da Proclamação da República em 1889, a capital capixaba e suas adjacências foi alvo de sucessivos planos urbanísticos que são, como afirma a arquiteta Verena Andreatta (2008), documentos da evolução da cidade e da sociedade, expressando e representando a vontade dos governantes de organizar o território, através do trabalho de engenheiros e arquitetos. Ao longo do século XX, estes planos assumiram diferentes feições, tanto no Brasil quanto em Vitória, num reflexo do que foi a prática urbana vigente (SIMÕES Jr., 1994; VILLAÇA, 1999; LEME, 2005), ora tratando do embelezamento urbano, ora da expansão da área urbanizada. Além da diversificada abordagem conceitual, o recorte territorial também foi variado, considerando-se que os planos tiveram como objeto de estudos desde a correspondência hoje à área central da Capital, chegando à escala da região metropolitana.
Entendendo que a diferença documental, temporal e a dispersão do conteúdo em diferentes entidades custodiadoras era uma questão central do projeto, foi proposto como produto final da primeira fase, concluída em 2016, um Catálogo de Fontes, fazendo indicativos sobre quantidade, localização e codificando cada um dos documentos localizados na forma de um inventário.
Nesse processo, foram identificados cerca de 400 documentos cartográficos e bibliográficos relativos a treze planos urbanísticos realizados para a cidade de Vitória e se consolidou uma periodização subdividida em três períodos, que podem ser descritos de acordo com a temática central dos planos e a técnica empregada como propõe Leme (2005): saneamento e melhoramentos da área central (1896-1947), expansão territorial (1947-1973) e legislação urbanística (1973-atual). A análise documental foi tratada através de contextualização e descrição dos planos urbanos em relação à data, autor, escala, conteúdo, abrangência territorial, dimensão e suporte, período administrativo, não havendo uniformidade de apresentação destes documentos uma vez que alguns se encontram na forma de mapas, outros descritos apenas em Mensagens de Governo ou livros.
Como desdobramento desta fase pode-se afirmar que parte do patrimônio urbanístico local, além de pouco conhecido, encontra-se em vias de desaparecimento. O que se observa, de modo geral, são documentos incompletos, danificados ao longo do tempo, além de estarem hoje alocados em diferentes lugares dificultando tanto acesso, quanto sua interpretação. Ainda, a indicação da fonte das cartografias e bibliografias citadas em pesquisas anteriores não permite a sua localização atualmente uma vez que alguns acervos mudaram de fundo, de local de acondicionamento, de entidade custodiadora ou mesmo não foram localizados nas listagens atuais das Instituições referenciadas em livros ou artigos consultados.
Apesar de tudo, a importância do estudo das cartografias se confirmou e reafirmou, pois há no material encontrado, a despeito de todos os problemas, registros preciosos de diferentes etapas de metamorfose e planejamento da cidade. Por esse motivo, o Catálogo de Fontes desdobra-se agora na imprescindível fase seguinte de digitalização e publicização do acervo que neste momento materializa-se no projeto Plataforma Digital Interativa.