Até o momento, esta pesquisa sobre os planos urbanos na escala da cidade de Vitória (e adjacências) exigiu uma definição de procedimentos metodológicos em duas fases. Na primeira, elaborou-se um catálogo de fontes uma vez que a documentação relativa aos planos se encontra dispersa, fragmentada e desconectada, e envolveu os procedimentos de: construção da base teórica conceitual; pré-seleção de documentação de fonte primária; consolidação da seleção; periodização; inventário e descrição documental. Na segunda fase, que é a atual elaboração da Plataforma Digital, realizou-se: digitalização documental; organização de informações na forma de uma base de dados acessível e pública. Ainda se pretende realizar em fases futuras: georreferenciamento da cartografia em software de sistemas de informações geográficas; e o redesenho em software com interface gráfica vetorial.
Considerando-se a pesquisa como um todo, ainda é importante registrar, em destaque, três recortes realizados: conceitual, territorial e, outro, temporal. Primeiro, compreendeu-se como objeto de estudos o conjunto cartográfico temático referente aos planos urbanos realizados na sua totalidade, parcialmente ou mesmo não implementados, para Vitória. O entendimento deste limite do que era a cidade ou do raio de influência da mesma variou durante o século e foi explicitado na descrição de cada um dos planos, mas, no contexto da atual pesquisa, ficaram excluídos desta pesquisa os projetos urbanos parciais, a exemplo de projetos de urbanização de bairros, ruas ou praças, que deverão ser alvo de fases futuras.
Quanto ao recorte temporal, após a formação de base teórica conceitual organizou-se uma listagem de planos urbanos, a partir da consulta a estudos teóricos e acadêmicos precedentes. Organizada como uma linha do tempo, com esta listagem buscou-se construir um ponto de partida para recolha documental e periodizar o que se entendia por século XX que, para a pesquisa, compreendeu as décadas entre o ano de 1896, com o primeiro projeto de expansão da cidade, e 2006 com a elaboração do (então) mais recente Plano Diretor de Vitória. Entendemos este período como uma verdadeira lacuna teórica no que se refere à identificação do conjunto cartográfico produzido, uma vez que esta temática já foi tratada de modo mais aprofundado sobre períodos anteriores como é o caso do colonial. Contraditoriamente, apesar desta lacuna, este é o acervo dominante nas entidades custodiadoras locais,1 em especial no acervo do Arquivo Geral Municipal e do Instituto Jones dos Santos Neves.
Ainda na primeira fase – Catálogo de fontes, após a formação de base teórica (PINON, 2004; SALGADO, LOURENÇO, 2006; ANDREATTA, 2008) e elaboração de lista de planos, procedeu-se com uma consulta nos arquivos sediados em Vitória para validar a listagem preliminar elaborada, localizar (ou não) os documentos cartográficos referentes aos planos assim como, por ventura, descobrir novos documentos, aferindo dados e conteúdo. Com esta ação realizada, consolidou-se a listagem dos planos que podem ser relacionados com a temática central pretendida tendo sido também possível elaborar uma listagem em paralelo com os documentos correlatos aos planos, como plantas de cadastro e legislações.
Vencidos os passos iniciais, realizou-se o processo de inventariação documental e descrição arquivística que implicou num trabalho de codificação de cada unidade documental, pertencente a um ou mais fundos ou arquivos, segundo a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (Nobrade), contando com o trabalho de um consultor em Arquivologia.
É importante pontuar que a fase de inventário ofereceu um quadro sumário do acervo de cada um dos fundos arquivísticos ou coleções permitindo ao usuário detectar, preliminarmente, a possível existência e a localização de documentos de seu interesse, buscando acesso aos documentos originais. Entretanto, por acreditar que poderíamos avançar com a pesquisa, partimos para a digitalização e preservação do acervo com a proposta de formação de um banco de dados.
Esta segunda fase do projeto Atlas Urbanístico de Vitória tem como principal objetivo a reprodução do acervo documental e bibliográfico relativo a quatro planos urbanísticos da cidade de Vitória custodiados no Arquivo Geral Municipal de Vitória e a sua publicização por meio da criação da Plataforma digital interativa.